terça-feira, 9 de março de 2010

Vergonha à Brasileira

Não tenho muito a acrescentar sobre o assunto. O artigo fala por si. Só tenho a dizer que conheci crianças maravilhosas, sociáveis, educadas e inteligentes cujos pais eram adeptos do homeschooling. Adoraria ter a liberdade de educar meus filhos assim no Brasil, onde a maioria estuda em escolas que ficam aquém ainda do "deixar a desejar". Este artigo foi retirado do site www.midiasemmascara.org


Deixem Jonatan e Davi estudar em paz

Alexandre Barros | 09 Março 2010
Artigos - Educação

A multa é irrisória (R$ 78,00), mas o princípio é fundamental. Puniram a família por exercer o direito inalienável de educar seus filhos como e onde quisessem.

Todos os dias algum órgão de imprensa brasileiro critica a educação no Brasil. Mazelas vão da falta de professores ou condições físicas, ao despreparo dos professores, passando por currículos antiquados produzidos por educocratas governamentais.
Lucy Vereza, que foi secretária de Educação do Rio de Janeiro, entrevistada, disse ser impossível atrair a atenção de crianças que viam os melhores programas e desenhos animados na TV, produzidos por empresas riquíssimas e diretores milionariamente pagos, mandando-as para escolas sem graça em que professoras mal pagas e pior treinadas ensinavam coisas do tipo "Ivo vê a uva."

Kleber e Bernadete, pais de Jonatan e Davi, residentes em Timóteo, Minas Gerais, resolverem agarrar o touro pelos chifres.

Se pouco ou nada podiam fazer para melhorar a escola que o estado (ou seus licenciados) ofereciam, criaram uma escola para seus filhos em casa.

Não são pais que resolverem abandonar e educação de seus filhos ou deixá-la "para lá." São apenas pais conscientes que resolveram educar seus filhos em casa por uma simples razão: acreditam que são capazes de cumprir essa tarefa melhor do que o estado (coisa que mais de um milhão de famílias americanas fazem legalmente nos Estados Unidos).

Mas, no Brasil isso é proibido. Apesar de Jonatan e Davi terem sido aprovados nos exames que avaliam alunos comuns, que estudam no sistema educacional regular, seus pais cometeram um crime e por isso foram condenados.

O aterrador é o poder do Estado todo poderoso e dos "fazedores do bem," autores do Estatuto da Criança e do Adolescente. Obrigam todos os pais do Brasil a matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino (art. 55), por pior que ela seja.

A multa é irrisória (R$ 78,00), mas o princípio é fundamental. Puniram a família por exercer o direito inalienável de educar seus filhos como e onde quisessem.

Entrevistados na TV, pai e filhos parecem perfeitamente normais. Mas o governo não quer saber disso. Provavelmente vítimas de um educocrata fanático ou invejoso, acabaram nas malhas da lei.

Hoje o Massachussets Institute of Technolgy e muitas outras universidades disponibilizam o conteúdo de seus cursos gratuitamente na Internet. Neste sistema, frequentar o MIT pode ter uma função socializatória, possibilitar o desenvolvimento de laços de amizade que ajudem a conseguir bons empregos e dar aos alunos uma credencial formal, um diploma. Em matéria de sabedoria, entretanto, ninguém que frequentou uma destas universidades sabe, necessariamente, mais do que alguém que estudou em casa seguindo seu currículo.

Educocratas trabalham para a manutenção de um sistema de educação fraco em que o estado pouco faz (e faz mal) e um monte de "empresários" licenciados ensinam com o olho no retrovisor (e ganham muito dinheiro com isso).

Eles são onipotentes para produzir punir pais como os de Jonatan e Davi.

A opção da família é diferente, excêntrica, sem dúvida, mas isso não quer dizer que seja má.

John Stuart Mill, em seu On Liberty, faz uma bela defesa da excentricidade. Ele chama a atenção para o fato de que o progresso, as invenções e o desenvolvimento são produto direto da excentricidade.

Se não houvesse excêntricos que resolvessem colocar um motor numa carruagem ou domar a eletricidade e descobrir como utilizá-la para o nosso bem, continuariamos andando a pé e iluminando nossas casas com candeeiros. Não existiriam arranha céus, porque sem eletricidade, não haveria elevadores.

Por isso morro de medo de incompetentes bem intencionados, sobretudo quando em grandes grupos, ainda mais quando são do funcionários governo, porque eles têm a capacidade de punir-nos por exercermos nossa liberdade.

Deixem Jonatan e Davi estudar em paz. Ele certamente estão melhor do que estariam numa escola.



Alexandre Barros é cientista político (PhD, University of Chicago) e diretor-gerente da Early Warning: Políticas Públicas e Risco Político (Brasília - DF), além de colaborador regular d'O Estado de São Paulo.

Publicado originalmente no site Ordem Livre - www.ordemlivre.org

3 comentários:

  1. Sheila, ainda esqueci de comentar no outro post, afinal de contas, que lindinho esse teu blog. Ele não podia ser de mais bom gosto, tão fofo e gostoso de ler. Eu sou toda ligada nas cores, no visual, no estilo e achei todo charmosinho. Agora, escuta aqui, Sheilinha, o que tu tem contra a minha profissão, heim, heim?? hahah Sou professora, ta? haha E o que eu digo é o seguinte: comecem a pagar R$5000,00 para os professores e vamos ver se não vai aumentar um pouco nosso nivel de educação hehe vai chover gente querendo dar aula e vai ter muita gente dizendo bye bye a esse "empreguinho"... Ainda tenho minhas dúvidas quanto a permitir esse tipo de educação (homeschooling) mas se essas crianças estão demonstrando mais capacitada que as outras, ainda não tenho certeza de que isso aponte que homeschooling é a melhor alternativa mas prova que tem algo de muito, mais muito errado com nosso sistema convencional.

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  2. Oi Cali!
    Obrigada por comentar o artigo, é bom saber que alguém lê o blog, hehe! Qto ao homeschooling, minha posição não é contra os professores em si, classe massacrada, mal paga e não reconhecida. Minha crítica é contra o sistema, e o estrago que os relacionamentos e a estruturação atual do ensino costumam fazer à auto-estima e à personalidade de nossas crianças (vide vídeo acima).
    Beijão, primosa!

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  3. Oi Shelly,
    Prima amada, saudades...nem parece que ha pouco mais de 1 mes atras a gente estava junta na ilha, ne...
    Pois eh, agora a respeito da disputa sobre homeschooling: alguem ja parou para pensar que um dos motivos mais fortes do governo nao aprovar eh que vai eventualmente criar um precedente para desconto no imposto de renda e isso criaria um buraco grande na arrecadacao? Aqui no Canada, ha uns 10 anos, quem tem seus filhos matriculados em escola particular ou "homeschools", pode deduzir isto do imposto, sim porque uma parte do que se paga de imposto eh direcionado para as escolas publicas...O que eles arrecadam eh significativo, mas o que investem com certeza nao eh. Mas imagine se eles perdessem uma boa porcentagem dessa boquinha? Faria um furo grande na reserva usada p/ subornos e luxos dos politicos. Eh um risco que eles vao evitar a qualquer custo.
    Uma das minhas preocupacoes com homeschooling eh a criacao de seres de que sentem superiores aos outros, cheios de arrogancia e desprezo pelos que nao foram expostos a tal. Conheco bastente gente que pratica isso. Sao pessoascom otimas intencoes, disciplinadas, que tornaram suas casas em escolas p/ os filhos - literalmente. Eles tem horarios regrados como numa escola normal, a diferenca sendo que os filhos recebem atencao um a um. Eh otimo academicamente, mas pode ser prejudicial socialmente. Essas criancas estao bem mais adiantadas do que outras da mesma idade exatamente devido a atencao exclusiva. Qdo encontram-se com outras da mesma idade agem como superiores e alguns chegam ao ponto de querer ficar ouvindo conversa dos adultos e nao se misturarem com as outras criancas! Ha uma linha fina que a gente tem que observar e se for do interesse assumir essa responsabilidade, tem que se estar ciente de todos os pros e contras.
    Beijos minha linda!

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