quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Insone



Noite mal dormida
Peito corroído
Saudade corrosiva
Borboletas no estômago
Chuva na janela
Relógio que não chama
Dobras no lençol
Borboletas no estômago
Minhocas na cabeça
Cachorro no portão
Orquestra de mosquitos
Quando vem o sono?
Não há de ser agora...
Sol que raia fora
Relógio que desperta
Cheiro de café...
Ai... que sono!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Amor

Hoje é um dia muito especial. Estou casada há 11 anos com um homem singular. Quieto, mas de atitudes firmes. Prático, mas bondoso. Gosto de vê-lo lidando com as crianças, como se porta com elas (exceto pelas lutinhas... que enlouquecem qualquer mãe!). Gosto de lhe pedir conselhos. Gosto da maneira serena como segura as pontas quando eu estou subindo pelas paredes, como nesse fim de ano, quando enfrentamos reviravoltas que me deixaram fora do eixo. Gosto da forma como diz: - Tudo bem, amor, estamos sem carro. Mas não teríamos momentos tão gostosos caminhando com as crianças se estivéssemos sobre rodas agora.
Às vezes, fico até com raiva. Raiva porque tuas atitudes desmascaram meu egoísmo. Geralmente vais além do que eu espero, em paciência, em doação, em lealdade. E quando te vejo andando a segunda milha comigo, tenho brasas vivas sobre a cabeça.
Esses 11 anos foram uma escola, e aprender contigo tem sido um privilégio. Te amo e admiro muito, muito mais do que quando te disse sim pela primeira vez.
Cada minuto contigo prova que amor não são flores, nem jantares românticos, nem conversinhas risonhas ao pé do ouvido. Tudo isso é maravilhoso, e é bom quando acontece. Mas teu amor tem-se traduzido em ações, que se derramam sobre mim como pétalas jogadas de um helicóptero, como cartazes espalhados pela rua, como anéis em cada um dos meus dedos. Tua atitude comigo me coroa como uma mulher amada, cuidada, regada.
Eu te amo... te admiro... te respeito...
Obrigada, amor, por esses 11 anos ao teu lado...
Se voltasse atrás mil vezes, em todas elas casaria contigo de novo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Alhures

Minha filhota é muito engraçada. Tem rompantes cômicos nos quais utiliza palavras pra exprimir suas sensações sem a menor idéia do que significam, só pelo prazer de expressá-las numa interjeição entusiasmada. A palavra da vez é "alhures", que ela solta como se fosse "Caramba!", "Que tri!", "Que loucura!". Joga as mãos pra cima e grita: "Alhures"!
Tenho que rir... tirou essa não sei de onde!
Lendo uma citação do Lewis, me lembrei da palavrinha dela. É, filhota, é de lá que a gente veio, é pra lá (alhures) que queremos ir. Lá onde está nosso tesouro, lá onde não há choro.
"Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta terra podem satisfazer, a única explicação lógica é que eu fui feito para um outro mundo." [ C. S. Lewis ]
E como diz minha Liloca:
"Alhures!"