terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um dia eu chego lá

Tenho visto Jesus por aí. Não na boca dos cultos e sábios. Eles me dizem que estão chegando à verdade. Mas a verdade é tão cara, preciosa e experta que os humildes não podem chegar a ela. Ela fica limitada aos círculos fechados dos que lêem os autores russos, alemães ( é bom que não sejam americanos), mestrados e calejados na Teologia. Aliás, eles fazem teologia ( não me incluo porque infelizmente não cheguei a esse nível ainda).
Tenho visto Jesus por aí. Esfregado na minha cara de pau e nos olhos cansados pelos livros. Mas não o encontrei na vaidade das letras. Aliás, estou bem longe dos círculos letrados. Não por não desejar fazer parte deles, tenho que ser honesta, mas por não ter bebido nas fontes certas e muito, muito provavelmente, porque minha alma loira não tem sustância suficiente pra obter bilhete de entrada.
Mas enfim, voltando a Jesus, quando comecei a escrever este texto, estava bem indignadinha. Querendo meter o pau nessa cambada de gente que pensa que "estuda Deus". E pior, que descobre as verdades sobre Ele. Quem eles pensam que são? Quanta falácia, quanta arrogância...
Na verdade, minha máscara precisa cair. Andei me perguntando POR QUE cargas d'água EU ando lendo livros do Bonhoeffer, ou Lewis, ou Tolstói, fazendo uma salada sem fim. Até aprendi um cadinho, mas o que me motiva? Aonde quero chegar? Pouca sede de Deus, muita sede de reconhecimento. E isso é uma confissão. Talvez eu seja curada.
Quando visitei o Seu Paulinho, homem do básico das letras, mestre em hortas, 85 anos no cargo de conservador das obras de arte de Deus, tive que me recolher à minha insignificância, crua e estúpida como ela realmente é. Tem a audácia de dizer que Jesus é amigo dele, que anda com ele lado a lado na horta.  Esse homem tem a falta de inteligência de acreditar em tudo que lê na Bíblia, e pior, dizer que ela é a Palavra de Deus. Tem a capacidade de gastar o que lhe resta dos olhos tomados pela catarata naquelas letras questionáveis, e dizer incessantemente que delas flui vida. Ainda por cima, católico.
Ah, se o seu Paulinho pudesse ler os livros que os caras lêem, lista bibliográfica pela qual eu mataria... 
Oh alma poia! Como é difícil pra mim entender que Jesus anda na boca dos humildes, na roda de ciranda, nas perguntas das crianças. Como é difícil pra mim crer Nele sem explicação, sem teologias e religiões, sem vaidades. Como é difícil pra mim experimentá-lo, porque "minha vida de fé não pode se basear nas emoções".
Vou ler mais um pouquinho... quem sabe eu chego lá...

2 comentários:

  1. Ahahahaha ... foi fundo mesmo ... nem de longe te vejo como loira ... se é que elas não são mais um mito da sapiência humana !!! Sheila ... creio que a todo instante estamos divagando ... hora pra lá "ora" pra cá ... o saber e o não saber andam de mãos dadas, pra saber é preciso não saber ... e des-sabendo muitas vezes é que sabemos ... mas nem que o coração deseje tal afronta aos letrados, seremos iletrados ... nosso tempo passou, e nos resta a doce desilusão de nos conformar com nossa imperfeita letra, diante do "Mistério" ... das incertezas, ah essas são muitas, mas a certeza, e essa a melhor e final, o amor !!! É sempre bom lê-la !!!

    ResponderExcluir
  2. Por isso nunca li Tosltói :)
    Ótimo texto. Minhas reverências ao Seu Paulinho.

    ResponderExcluir